Divisão de Observação Meteorológica e da Qualidade do Ar
Situação Da Camada De Ozono Em Portugal
As primeiras observações da espessura da camada de ozono em Portugal foram efectuadas em 1951, na Ilha de Santa Maria (Açores) por ocasião da realização do Ano Geofísico Internacional (1957-1958), utilizando um espectrofotómetro de ozono Dobson, cedido pela Comissão Internacional de Ozono ao então Serviço Meteorológico Nacional (SMN). No entanto, devido a várias dificuldades técnicas o início das observações regulares teve início em Lisboa por volta do ano de 1967, utilizando o mesmo instrumento que ainda hoje se encontra em funcionamento.
Mais tarde em 1988 e no âmbito de um projecto de investigação co-financiado pela Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), foi possível adquirir e instalar 2 espectrofotómetros de ozono Brewer, os quais permitem efectuar medições automáticas da quantidade total de ozono, dióxido de enxofre e radiação UV-B. Estes instrumentos foram instalados nos Observatórios do Funchal (1989) e Angra do Heroismo (1992). Finalmente, em 1994 foi adquirido um terceiro espectrofotómetro Brewer instalado no Observatório de Penhas Douradas.
Estas estações constituem a rede de observação do ozono estratosférico, actualmente coordenada e explorada pelo Instituto de Meteorologia (IM). Os resultados das observações são regularmente envidados para o Centro Mundial de Dados de Ozono (WODC: World Ozone Data Centre, Toronto, Canada) onde são disponibilizados à comunidade científica internacional, constituindo assim um contributo de Portugal para o conhecimento e a protecção da Camada de Ozono.
A diminuição global da espessura da camada de ozono também foi detectada em Portugal. De facto, a série de valores médios anuais da quantidade total de ozono em Lisboa no período 1968-1997 apresenta uma tendência estatisticamente significativa de -3.3 % por década (Henriques D., Antunes S., 1998), comparável com as estimadas noutras estações de Europa e em outros períodos:
Estação | Período | Tendência (%) |
Lisboa (38.8N) | 1968/1997 | -3.3 |
Lisboa (38.8N) - WMO 94 | 1967/1994 | -3.6 |
Arosa (46.8N) | 1957/1994 | -3.6 |
Vigna di Valle (42.1N) | 1957/1994 | -5.6 |
Por outro lado, as séries mensais da quantidade total de ozono apresentam também tendências negativas. Estas tendências decrescentes são superiores em valor relativo nos meses de Março, Abril e Novembro:
Mês | Tendência (%/10 anos) |
Janeiro | -1.3 |
Fevereiro | -2.3 |
Março | -4.5 |
Abril | -3.1 |
Maio | -2.8 |
Junho | -1.7 |
Julho | -1.5 |
Agosto | -2.1 |
Setembro | -0.7 |
Outubro | -1.9 |
Novembro | -3.2 |
Dezembro | -2.7 |
Relativamente ao ano de 1998 verificou-se um ligeiro aumento relativamente à media anual do ano anterior mas que continua a ser inferior ao valor médio do período 1968-1998 em cerca de 3%. O aspecto mais significativo deste ano reside no facto de no mês de Novembro se ter registado o valor médio diário mais baixo jamais observado (228 D), batendo assim o recorde estabelecido em Novembro de 1994 de 240 D. Relativamente aos valores médios mensais, verifica-se um ligeiro aumento dos valores de Abril e Maio relativamente ao período 1968-1998 mas os valores de Fevereiro, Julho, Outubro e Dezembro foram significativamente inferiores, principalmente o valor médio mensal de Outubro, o qual foi cerca de 8% inferior ao valor médio para o mesmo mês no período 1968-1998.